“Não é privilégio. É justiça social”, declara a deputada Linda Brasil sobre a aprovação das cotas trans na UFS
- Morgana Barbosa
- há 5 horas
- 2 min de leitura
Uma vitória histórica pela democratização do ensino superior e contra a transfobia em Sergipe.

Em um ato histórico, nesta segunda-feira (17), o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão da Universidade Federal de Sergipe (Conepe/UFS) aprovou a criação de cotas afirmativas para pessoas trans em todos os cursos de graduação presenciais da instituição. A conquista carrega a marca da articulação política incansável da deputada estadual Linda Brasil (Psol), reconhecida por sua atuação histórica na defesa dos direitos da população trans e travesti.
Linda, primeira mulher trans eleita para a Assembleia Legislativa de Sergipe, esteve desde o início envolvida no processo de diálogo com a comunidade acadêmica, com os movimentos sociais e com a própria reitoria. A parlamentar, ainda em 2013, foi também a responsável pela ação que culminou na Portaria nº 2209/UFS, que passou a garantir o uso do nome social no âmbito acadêmico e administrativo da instituição.
“Nossa mandata participou ativamente dessa importante conquista, resultado da mobilização da Frente por Cotas Trans e Travestis na UFS, dos movimentos sociais e de tantas pessoas comprometidas com a democratização da universidade. Sabemos que menos de 0,3% da população trans chega ao ensino superior. Diante disso, essas cotas são mais que uma política acadêmica: são uma política de reparação e emancipação”, declarou.
Linda Brasil lembrou ainda que a expectativa de vida da população trans e travesti no Brasil é de apenas 35 anos, e que 90% ainda são empurradas à prostituição pela violência e pela exclusão social. Para ela, a política de cotas é resposta concreta a esse cenário de violação de direitos e enfrentamento da discriminação.
“Não é privilégio, é justiça social. É garantir que corpos e corpas trans possam ocupar todos os espaços. Seguiremos lutando para que essa política seja realidade também em todas as instituições federais do país”, salientou a parlamentar.
Resistência e luta
Em 2013, Linda Brasil ingressou na Universidade Federal de Sergipe, depois de ter sido compulsoriamente empurrada para a prostituição. “Naquela época, não tínhamos referências de mulheres trans e travestis ocupando esses espaços acadêmicos e espaços de poder. Éramos empurradas compulsoriamente para a prostituição”, relatou.
Desde o princípio da graduação, sofreu transfobia com o desrespeito ao seu nome social. Na sala de aula, um professor insistia em utilizar o seu nome de registro. Esse fato motivou um processo administrativo. A ação culminou na Portaria nº 2209/UFS, que regula a utilização do nome social na instituição.
A luta pela garantia dos seus direitos aproximou Linda do movimento estudantil e LGBTQIA+ organizado. Ela foi uma das responsáveis pelo Coletivo Queer Transfeminista (Des)montadxs, criado para discutir questões de gênero e sexualidade dentro da UFS e em todo o estado. Em 2015, integrou o movimento que criou o projeto EducaTrans, através da Amosertrans (Associação do Movimento Sergipano de Travestis e Transexuais), com o propósito de ofertar curso preparatório para o ENEM voltado especialmente para pessoas trans.
Além de ter sido a primeira mulher trans a concluir o curso de graduação na UFS, Linda conquistou o título de Mestra em Educação.









Comentários